domingo, 13 de abril de 2014

Ensinar é despertar a vontade de aprender

O meu trabalho com futuros professores de Informática no 3º ciclo do ensino básico e no ensino secundário, de que tenho partilhado aqui alguns aspectos,  tem-me permitido observar de uma forma directa os problemas com que se debatem especificamente os professores de Informática, apanhados entre as nossas gerações mais jovens, os nativos digitais, que querem perceber para que serve o que lhes é ensinado, os programas nacionais, cheios de visões do passado, muito feitos à medida das dificuldades dos professores, e os conhecimentos que estes trouxeram da Universidade, datados, quantas vezes inúteis, quando não contra-producentes.
As TIC, as ferramentas TIC, as ferramentas da Web, servem para disfarçar estas dificuldades e para manter alunos e professores ocupados nas salas de aula em actividades muitas vezes inúteis, pois dão uma visão errada da realidade, em que a tecnologia domina, quando devia ser colocada ao serviço da resolução de problemas.
Todos deviam ler  este relatório "Informatics education: Europe cannot afford to miss the boat"
 ACM Report
e tomar consciência do que está a acontecer em tantos países, que já tomaram consciência da importância do ensino de Informática desde muito cedo.
O desafio é gigantesco, vai ser preciso desaprender, vais ser necessário compreender que o professor não pode ser alguém que debita na sala de aula aquilo que aprendeu à justa nos dias anteriores, mas tem de ser alguém treinado especificamente para ensinar, para despertar a vontade de aprender, e que distinga os níveis de conhecimento que o professor deve ter e que o aluno deverá atingir.
O professor de música não forma músicos para a orquestra sinfónica nacional, mas tem de saber e ensinar música, e não pode aniquilar o talento musical precoce de um jovem.
Vem isto a propósito das minhas tentativas de desafiar os alunos com problemas tão simples que não é possível o costumeiro refúgio do mau aluno, que não faz, diz como se "faz"...
Recentemente, propús que resolvêssemos "à mão" um problema muito simples de pesquisa de soluções numa árvore, como introdução à resolução de um problema aparentemente mais complexo, relatado noutro sítio. Este problema,
curiosamente permitiu desenhar toda a árvore de soluções a pesquisar
chegar às 8 soluções possíveis, e perceber como se poderia mecanizar um problema de maior dimensão. Com os 25 números do outro problema haveria 25! soluções a pesquisar, e uma pesquisa exaustiva demoraria vãrias idades do Universo a realizar...